quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Dicotomia numa Sandes Mista (ou Sande Mista)

Primeiro: Pela primeira vez na minha vida usei a palavra “dicotomia”. É uma palavra de prestígio.

Segundo: Logo a seguir arruinei tudo. Associei “dicotomia” com “Sandes Mista”.

Terceiro: Não há terceiro.

De onde vêm as “frases sábias”? Aquelas frases que as nossas avós e as nossas mães nos dizem e que temos a tendência de perpetuar na gerações vindouras. De onde vêm?
Vêm dos textos apócrifos do Nilo? De alguma bíblia implícita? De papiros da biblioteca da Alexandria?
Quem foi o autor de afirmações como “É muito esquecido porque come muito queijo.” De onde vem esta sabedoria? Quem é que fez esta descoberta?

Suponho que há muitos anos atrás algum sábio reparou como as pessoas que comiam muito queijo se esqueciam mais facilmente das coisas. Aposto que ele tentou avisar as pessoas e acabou na fogueira. Mas a sua sabedoria ficou para a posteridade. Um Copérnico do queijo.

Por isso é que temos a Sandes Mista (ou Sande Mista). A sandes mista (ou sande mista) atenua os efeitos malignos do queijo. Não quero com isto dizer que se comermos muito fiambre nos lembramos mais das coisas. Não. O fiambre simplesmente corta, em parte, os efeitos nocivos dessa arma biológica que é o queijo.
Se dissesse que o fiambre tem tal efeito acabaria na fogueira como acabou o amigo que falou do queijo, e acabar numa fogueira não me dá muito jeito porque já marquei consulta no dentista para a semana e todos sabemos como as marcações andam complicadas.

Os efeitos atenuantes do fiambre devem ter sido descobertos por algum talhante perspicaz. Um Fleming do fiambre, que viu que criando uma sandes mista (ou sande mista) tudo seria resolvido. Os problemas que o queijo poderia provocar estariam controlados por uma fatia de fiambre e desta feita ficaríamos com um snack ainda mais saboroso.

Depois…depois vieram os franceses. Rak-ptui!(<- som de cuspidela!)
Os franceses! Com as suas invasões e a sua Língua que enrola a língua. Vieram os franceses e usando um instrumento de tortura, a prensa em brasa, queimaram a sandes mista (ou sande mista) e deformaram-na…deixando-a desfigurada, com queimaduras horríveis e profundas. Depois…depois puseram-lhe manteiga por cima… e mudaram-lhe o nome para Tosta Mista (ou Tostas Mista). Malditos!
A função de um instrumento de tortura deve ser apenas aquela que tem: Torturar! Nada de desfigurar sandes mistas (ou sande mista) e torna-las…naquilo.
Não satisfeitos, procuraram novas maneiras de deitar a glória da sandes mista (ou sande mista) por terra, despojando-a de sua personalidade carismática.
Antes, tinha sido a tortura pelo fogo…
Depois despiram-na do pão que a cobria e vestiram-na como uma libertina… trajando-a com um croissant! Malditos! Franceses malditos!

Não faço ideia como é que vim parar aqui. Pode dizer-se que “As conversas são como as cerejas…”! “As conversas…”… “…São como as cerejas”!
Percebem! De onde é que vêm estas frases? Como é que elas aparecem? Será génese espontânea tal como acontece com as ratazanas nos cestos de roupa suja? Será que consigo culpar também isto nos franceses? Malditos!


NOTA do Sr Alfredo do Talho: Copérnico não morreu na fogueira. Mas não morreu por pura sorte, porque houve um dia daqueles em que lá estava ele a teorizar sobre a Terra à volta do Sol, o Sol à volta da Terra, e não reparou que a manta que tinha sobre as pernas se aproximou da lareira. Apenas não pegou fogo, porque teve a sorte de se ter esquecido de atear o lume. Esqueceu-se porque comia muito queijo.