Não há cá fé... Mas há cá cau!
E é com este título de um humor ao nível dos trocadilhos do muito saudoso Marco Horácio (Deus o tenha lá, ao seu lado direito) que começo esta nova crónica. Pelo menos é uma piada tipo Marco Horácio e não uma moribunda tentativa humorística tipo Camilo de Oliveira, que Deus Nosso Senhor o guarde.
Há dias celebraram os 60 anos de carreira no humor desse senhor. Só 60? Pareceu-me uma eternidade. Ainda parece. Só não percebo a parte da “carreira no humor” a não ser que já estejam a apontar para uma homenagem a título póstumo quando ele realmente tiver piada do lado de Lá.
Mas Camilo de Oliveira, embora um, vá, chamemos-lhe humorista, à falta de uma nomenclatura mais indicada…embora um humorista fraquinho é também um dos entertainers portugueses mais amigo do público. Todos os programas dele têm num ou noutro lado do título o nome dele. Temos o “Camilo na Prisão”, “Camilo & Filho” e por aí. Assim as pessoas já sabem que o programa é de facto com ele e não precisam de perder o seu precioso tempo a ver um programa humorístico que falha em todo o seu propósito.
Aliás, os programas do Camilo de Oliveira são tão fracos que houve alturas que o próprio “laught track” do programa teve um esgotamento nervoso.
É claro que somos mais do que isso. Aliás muito mais se contarmos com os outros enchidos e mais vísceras e muito mais. Mas será que existe algo mais do que a carne?
A fé é uma coisa complicada de se falar ou de explicar e eu aborreço-me com facilidade, por isso não vou filosofar sobre isso. Vou antes contar um episódio que me aconteceu.
Primeiro, porque tenho ideia que essas duas entidades são entidades benéficas e não vejo nada de benéfico em pagar uma torrada ou uma tosta mista, que são caras, e depois acabar por não comer visto a ter lá aparecido a cara do Senhor ou da Senhora. Sé é de extrema rudeza tirar a comida da frente de quem a está a comer que considerar de alguém que aparece na comida das pessoas?
Segundo, porque acredito que, se Jesus ou sua mãe, Maria, quisessem aparecer a quem quer que fosse não iam escolher torradas ou tostas mistas. Porque comida? É estúpido. Depois de todos os brilharetes de aparições em arbustos em chamas ou por cima de oliveiras, aparições muito mais elaboradas, agora iam resignar-se a aparecer em comida de pequeno-almoço e lanche. No mínimo apareceriam na comida do almoço ou do jantar. Sempre tem mais substância.
Lembro-me de ouvir na catequese que por várias vezes o Espírito Santo apareceu a Jesus e a outros sob a forma de uma pomba branca, que lhes vinha a anunciar sempre qualquer coisa, ou que estavam em perigo, ou que deviam rezar mais, ou que havia uma promoção de cervejas no hipermercado mais próximo.
Eu acho que o Espírito Santo também me veio visitar sob a forma de pombo, mas como eu não estava decidiu deixar uma mensagem com a cara de Cristo mesmo na capota do meu carro.