Estão aí outra vez os Jogos Olímpicos e quando eles (os Jogos) vêm, para lá vão as nossas esperanças nacionais. Temos por lá um bocadinho de tudo, prova de que Portugal é mesmo um país que se desenrasca bem. Podemos não fazer grande brilharete nos Jogos Olímpicos, mas estamos espalhados por lá.
E com espalhados não quero dizer que os nossos desportistas se espalham ao comprido com as suas participações. Não. Nada disso. Embora poucas vezes se traga o Ouro para Portugal nestes Jogos fica sempre o espírito d'o que importa é participar.
E neste país tão invadido por estatísticas de sermos os piores e os mais pessimistas e tudo de mau, uma coisa é certa… pelo menos trazemos Ouro para Portugal nos Paraolímpicos, o que é bom. Sempre temos as melhores pessoas com deficiências.
“Eish! Ó Sr. Alfredo do Talho. Isso já é cruzar a linha do mau gosto! Eish! A gozar com as pessoas especiais! Isso não se faz. E se fosse na sua família? Eish!”
Shiu! Quietos! Não estou a gozar com nenhum deficiente. Acho até que se goza com eles em chama-los ‘especiais’. Acho que não é nada ‘especial’ ser-se cego, ou ter paralisia cerebral. É uma deficiência. Não é um atributo. E eles sabem-no e ganham medalhas de Ouro.
Os que supostamente deviam ser especiais porque correm mais depressa ou porque nadam com mais graça nem a medalha de chapa de zinco trazem.
E as pessoas que dizem “e se fosse na sua família” conseguem ser mais deficientes que os deficientes, porque sofrem de estupidez e para esses nem uma categoria nos Paraolímpicos há. Suas bestas!
Adiante. Creio que não trazemos mais Ouro dos Jogos Olímpicos porque nunca há inovação nas modalidades. É sempre a mesma treta 4 anos após 4 anos. Parece que os portugueses só sabem correr. Nunca pode faltar uma esperança atlética na Corrida, seja qual for a sua categoria: 100 m, 1500 m, barreiras, fuga aos impostos. Corrida é que não falta.
Brincar com ou criar novas modalidades olímpicas não é novidade nenhuma, eu sei. Mas não mata ninguém se eu apresentar as minhas sugestões. E as minhas sugestões até são muito básicas.
Claramente que já todos pensaram “Eheh, como era fixe atirar piranhas prá piscina. Depois é qu’era vê-lios a nadare”. Eu também pensei nisso. Mas não assassinei a língua portuguesa quando o pensei.
Sugiro que o Salto à Vara passasse a ser Tiro com Salto à Vara sobre uma Vara. O atleta tem uma vara nas mãos e uma espingarda às costas. Corre, usa a vara para saltar, quando lá em cima tem de disparar com a espingarda e acertar num alvo e depois cair o mais longe possível de uma vara de porcos que se encontrará por baixo.
Para as provas de Natação sugiro a prova de Natação Emparelhada onde dois nadadores atados um ao outro, costas com costas tem de percorrer a piscina olímpica, rodando enquanto nadam para nenhum se afogar. Também na Natação sugiro a Corrida de Sacos de Batata em Piscina. Acho que todos sabem como é uma corrida de Sacos de Batata.
A prova de Tiro podia tornar-se mais interessante se o alvo pudesse responder ao ataque tendo então a prova de Tiro ao Alvo que Riposta.
O Lançamento do Martelo teria, na minha opinião mais brilho se fosse Lançamento do Martelo Pneumático.
Os 100m Barreiras ficariam muito mais interessantes se fossem algo como 100m Barreiras Invisíveis. Puxem pela imaginação para este.
Existem tantas possibilidades…mas já me cansei.
Claro que se modalidades já há muito extintas dos Jogos Olímpicos como Jogo da Malha, Jogo da Rolha, Jogo da Moeda e Sueca voltassem ao activo, Portugal iria trazer Ouro como nos velhos tempos da descoberta do caminho marítimo para a Índia, caminho este, não sei se sabem, foi descoberto por mero acaso quando Vasco da Gama participava numa prova de triatlo nos Jogos Olímpicos de 1497. Como na altura não havia muitas bicicletas usavam-se naus. Quando chegaram à Índia foi um fartote de trazer Medalhas de Ouro, Medalhas de Caril e Medalhas de Tapete.
Estimados Leitões, estarei fechado por motivo de férias. Volto logo.