E pronto. O melhor português é sem dúvida o Salazar. Quem o defendeu tinha razão. Quem esteve contra também teve razão. Quem nem aqueceu ou arrefeceu com o resultado também tinha razão. Quem naquele momento esteve a ver a novela também tinha razão.
Mas não deixa de ser esquisito. Eu não tenho nada contra o homem, mas ele foi um ditador. Ora, dessa fama ninguém o livra. Quando se fizer o concurso “Os Grandes Judeus”, eu estou a ver a Anne Frank a levar uma abada de pontos do Hitler, porque há aí umas teorias manhosas que afirmam que ele era judeu. Hitler ganha na boa. Ora…Salazar não matou nenhum Português. Pelo menos pessoalmente. O Hitler também não matou nenhum judeu. Pelos menos pessoalmente. Logo eu vejo que a vitória do primeiro é tão válida como a do segundo, isto nos seus respectivos concursos.
Antevejo, tal como Bandarra, o Sapateiro Profeta Cantor, os próximos concursos e seus resultados finais:
Os Grandes Chilenos: Vencedor : Augusto Pinochet
Os Grandes Italianos: Vencedor: Benito Mussolini
Os Grandes Chineses: Vencedor: Mao Zedong
Os Grandes Cubanos: Vencedor: Fidel Castro
Os Grandes Espanhóis: Vencedor: Francisco Franco
E por ai em diante…
Mas não deixo de estar indignado com este género de votação. Os concorrentes não suaram uma gota. Tudo bem. Alguns já morreram, vá, a maior parte. Mas mesmo assim. Por telefone? Podiam ter feito um espectáculo tipo Festival da Canção dos Grandes Portugueses, ou então visto que alguns podiam não saber cantar faziam um Aqui Há Talento Nestes Grandes Portugueses. Salazar fazia sapateado no parquet, Álvaro Cunhal fazia malabarismos com fogo, Afonso Henriques fazia uma justa contra um Mouro, Fernando Pessoa fazia umas graçolas tipo Charles Chaplin, sei lá. Assim umas coisas mais animadas que levasse os candidatos a mostrarem alguma coisa ao público.
Sim. Tudo bem. Alguns estão mortos e ressuscitá-los seria complicado. Eu entendo. Mas seria giro. Mas aquilo foi tudo muito cinzento. E a Maria Elisa bem tentou animar aquilo com umas graçolas emprestadas do colega Malato, mas sem grande resultado.
Ora, o Malato. O Malato é que apresentava aquilo que seria uma maravilha.
“AH AH AH. Prisão de Peniche…já fui muito feliz na Prisão de Peniche.” Ao bom jeito do Malato.
A RTP não teve aquele “je ne sais quoi” que a TVI teve com a “Gala das 7 Maravilhas”.
Contratavam o Filipe La Féria e ele fazia ali um espectáculo espectacular, com a Wanda Stuart vestida de Marquês de Pombal a dançar num cenário todo mecânico representativo da reconstrução de Lisboa depois do terramoto de 1755, enquanto cantava uma versão “É P’ra Amanhã” do António Variações.
Havia tanto potencial naquele programa que foi desaproveitado. Mas já está, já está. Lá ganhou o Salazar. Há que ter a mente aberta para tudo. Eu não acho estranho um Ditador ganhar um concurso, tal como não acho estranho um talhante ser vegetariano. É completamente normal. Sou a favor das duas coisas.
Volto já.
3 comentários:
Oh senhor Alfredo!! Olhe que anda distraído!!
Dois pontos:
1-Os candidatos à altura do concurso, e ainda agora suponho (não estava lá Jesus Cristo!), estão todos mortos;
2-Para quê Wanda Stuart vestida de Marquês de Pombal e cenários mecanizados quando se uma Odete Santos no seu melhor/pior??!!
Tenho dito!
Ora viva, caro Stand Up
Sim, de facto os 10 concorrentes estão todos mortos e com as certidões de óbito em dia segundo uma fonte segura da DGÓ (direcção Geral de Óbitos). Mas no entanto estão também todos vivos. Vivos no nosso coração. Digo isto porque há tempos senti uma pontada e fui às urgências e depois de análises tiradas recebi em casa, 8 meses depois, os resultados. Tinha um pequeno caso de Aristides Sousa Mendes nas auriculas. Antes tinha sofrido de um ataque de Sebastião José de Carvalho e Melo e sem dúvida que este Aristides Sousa Mendes era uma sequela. Mas tudo se tratou e agora já estou bem, muito obrigado pela preocupação.
Como digo, estão vivos, os traquinas, no nosso coração.
Quanto ao segundo ponto, tudo bem, é uma opinião muito válida, mas continuo a preferir uma Wanda Stuart disfarçada de Marquês do que uma Odete Santos ao natural. Ela bem tentou mostrar de si tal como Linda Reis no Herman SIC. Mas vá, cumpriu o seu papel e aspersou a suas convictas opiniões como sempre faz.
Um abraço e volte sempre.
E as canções de Maio, pá? Essas ninguém canta, pá! Qual Salazar, pá! Editem mas é as canções de Maio, pá!
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