domingo, 30 de dezembro de 2007

Boas saídas, melhores entremeadas

Passou uma das fases desta época festiva e aproximamo-nos de outra que está já aí a rebentar.

O Natal tem seus protagonistas mais comuns e aquela velha polémica do Menino Jesus vs. Pai Natal é, como disse, velha.
Mas como talhante e entendido nos assuntos do foro das carnes, vejo que em Portugal ainda temos espaço para mais um protagonista.
Este não pertence ao Presépio e muito menos anda de trenó puxado por renas (faço aqui uma pausa no raciocínio para dar um grande abraço ao Sô Chico da Enfermaria e um grande agradecimento pela sua piada da insuficiência renal…trenó sem renas…o que é um Pai Natal com um…vá…eu não sou lá grande coisa a contar piadas…mas continuando) ou vestido de vermelho…embora soubesse que andou por aí um vestido de azul, mas isso são outras histórias.

Pois é. O bacalhau. Esse peixe que tirou o protagonismo todo aos principais artistas do Natal.
Pode haver casa sem Presépio. Pode haver casa sem Pai Natal a subir à janela, ou a subir a chaminé, ou pendurado numa corda, ou enforcado numa corda e por aí em diante. Mas casa sem bacalhau é que não há.
Certo. Não posso falar por todas, mas estou a basear-me num estudo do MIT que revelou que em 99,7% das casas portuguesas, entre os dias 23 a 26 de Dezembro, pelo menos uma posta de bacalhau esteve nos lares portugueses. E tenho a ligeira impressão que não deve ter sido sempre a mesma.

Não pode ter sido a mesma porque o bacalhau não tem as habilidades super-humanas do Pai Natal, que consegue fazer a dita viagem à volta do mundo, numa só noite. A não ser que seja um bacalhau que tenha vindo do Planeta Krypton…Espera aí!!!
A casa do Super-Homem, chamada Fortaleza da Solidão, fica localizada no Árctico. A casa do Pai Natal fica no Pólo Norte, ou seja, Ártico!! Tu queres ver que…o Pai Nat…o Super-Hom…são o mesm…Será que eles são a mesma pessoa? Isso explicava muita coisa.

O Super-Homem consegue dar a volta ao mundo em menos de um minuto, mas isto sem ter que parar em todas as chaminés do mundo. Provavelmente demorará uma noite inteira se tiver que fazer essas paragens todas.
Mas assim o Super-Homem tem um Ultra-Alter-Ego (vide post de 5 de Dezembro de 2007). Além de ter que ser o Clark Kent, todos os anos tem que ser o Pai Natal.
Nah. Impossível. Eles devem só ser vizinhos! O Pai Natal é mais velho que o Super-Homem. O Super-Homem foi criado em 1932 e há relatos do Pai Natal já antes do século XIII.
Agora as renas…essas sim, podem ter andado a pastar perto da Fortaleza da Solidão e ter comido alguma kryptonite que lhes deu poderes…err…supra-renais.

Mas adiante. Esse novo protagonista do Natal veio para ficar. O bacalhau é um peixe feio. Quando está seco não melhora. Continua feio. É salgado. Tem que se pôr de molho muito tempo antes de ser cozinhado. Ou seja, é um suplício de refeição. À boa tradição portuguesa que adora suplícios.
Não teria sido melhor a entremeadinha da Consoada? Ou a pázinha guisada de Natal? Algo com mais vigor… Com mais substância… Com mais carnuça…

Eu tenho a certeza que no dia de Natal, Maria e José não comeram bacalhau. Tenho a certeza que se a Mãe Natal, antes do Pai Natal seguir viagem, lhe pusesse um prato de bacalhau com batata e couve cozidas à frente, ficava em casa com um belo de um olho à Belenenses. Isso é lá comida para dar a um homem (sobre o qual ficou provado que é vizinho do Super-Homem) que vai pegar trabalho durante uma noite inteira?
É que, ó Mãe Natal, sinceramente! Bacalhau cozido nem para as renas serve! Peixe não puxa carroça, quanto mais ser alimento para quem a vai puxar.

Boas entremeadas para todos.

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